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Foto do escritorTatiane Moreno

Integração Lavoura-Pecuária-Floresta: a agro sustentabilidade na prática

A Integração Lavoura-Pecuária-Floresta, conhecida como ILPF, é um sistema de produção agrícola que combina diferentes atividades produtivas dentro de uma mesma área: cultivo de lavouras, criação de animais e plantio de florestas. Essa prática visa otimizar o uso da terra, aumentar a produtividade, promover a sustentabilidade ambiental e trazer benefícios econômicos para os agricultores.


Créditos: Gabriel Rezende Faria - Lavoura de soja em sistema ILPF com eucalipto, na Embrapa Agrossilvipastoril, em Sinop-MT. Fonte: Embrapa (banco de imagens).


A ILPF envolve a rotação, consorciação ou sucessão de culturas agrícolas, pastagens e árvores, aproveitando as interações benéficas entre esses componentes. Podemos desmembrar as três frentes e destacar suas características individuais dentro do sistema de integração.


Na lavoura, a diversificação das culturas ajuda a evitar a exaustão dos nutrientes do solo e a redução da incidência de pragas e doenças. A rotação não só mantém a fertilidade do solo, mas também melhora sua estrutura e promove um ambiente mais saudável para as plantas. Ela pode, por exemplo, incluir leguminosas, que fixam nitrogênio no solo, beneficiando cultivos subsequentes como forma de promover a manutenção do solo e sua sustentabilidade.


No âmbito florestal, espécies nativas ou exóticas são plantadas para produção de madeira, frutas, forragem ou recuperação ambiental. As árvores podem fornecer sombra para os animais, melhorar o microclima e aumentar a biodiversidade. Outro ponto benéfico muito importante é a proteção hídrica conferida pelas árvores, reduzindo a erosão do solo ao melhorar a infiltração de água. Num exemplo prático de manejo, árvores de rápido crescimento podem ser usadas para produção de biomassa, enquanto espécies frutíferas e de madeira nobre podem gerar renda adicional.


Na pecuária, bovinos, ovinos e outros animais são criados em pastagens que podem ser consorciadas com culturas agrícolas e árvores. A integração de animais no sistema agrícola ajuda a otimizar o uso da terra e permite que a vegetação se recupere, melhorando a cobertura do solo e reduzindo a erosão. Também distribui melhor os nutrientes pelo solo através do manejo do pasto e da deposição de esterco.



Créditos: João Costa Junior - Campo experimental de ILPF na Embrapa Gado de Corte, com pastejo de bovinos. Fonte: Embrapa (banco de imagens).


Aqui temos alguns exemplos de consorciamento que se mostram extremamente positivos:


  • Milho e Abóbora: o milho fornece sombra parcial e suporte para o crescimento da abóbora. As folhas largas da abóbora ajudam a suprimir ervas daninhas e conservam a umidade do solo.

  • Arroz e Peixe: o arroz é cultivado em campos alagados e o peixe aproveita o ambiente aquático, controlando pragas do arroz e proporcionando uma fonte adicional de rendimento.

  • Tomate e Manjericão: o tomate é a planta principal e o manjericão age como repelente natural de insetos, beneficiando o tomate, além de melhorar o sabor dos frutos.

  • Café e Banana: o café beneficia-se da sombra fornecida pelas bananeiras, que também ajudam a manter a umidade do solo.

  • Cana-de-Açúcar e Amendoim: a cana é a planta principal e o amendoim ajuda na fixação de nitrogênio no solo, oferece cobertura e reduz a erosão.

  • Eucalipto e Pastagem: o eucalipto fornece sombra natural para o gado e produz madeira. O gado fertiliza o solo e promove a manutenção da própria pastagem.

  • Mandioca e Feijão: a mandioca é a planta principal e o feijão fixa o nitrogênio no solo. Aqui, o feijão pode ser colhido antes da mandioca, o que permite duas colheitas no mesmo ciclo agrícola.

  • Cacau e Mogno: o cacau se beneficia da sombra e o mogno pode ser usado a longo prazo para obtenção de madeira.



Créditos: Saulo Coelho Nunes - Sistema ILPF GliriCoco, que integra a leguminosa arbórea Gliricidia sepium ao cultivo de coqueiro e criação de gado bovino, instalado em Alagoas. Fonte: Embrapa (banco de imagens).



Aspectos socioeconômicos também são positivamente impactados pela ILPF. A diversificação da produção reduz a dependência de um único tipo de produto, aumentando a resiliência econômica do produtor. Em períodos de crise para uma determinada cultura ou produto, outros componentes do sistema podem manter a rentabilidade da propriedade.


Somado a isso, produtos de sistemas integrados frequentemente possuem qualidade superior devido ao manejo sustentável. A carne de gado criado em pastagens diversificadas tende a ser mais saudável e culturas agrícolas cultivadas em solos bem manejados produzem alimentos de melhor qualidade.


A viabilidade econômica e as melhores condições de trabalho incentivam a permanência das famílias no meio rural, reduzindo o êxodo rural e fortalecendo as comunidades locais. A ILPF promove uma agricultura mais sustentável e inclusiva, garantindo a continuidade da atividade agrícola por gerações. E o próprio fortalecimento do campo, através da diversidade de atividades, desencadeia um aumento da necessidade de mão-de-obra qualificada e promove a criação de empregos no campo. As operações mais complexas e diversificadas requerem trabalhadores capacitados nas diferentes áreas: agricultura, silvicultura e pecuária.


O Brasil é um dos líderes mundiais na adoção do ILPF. Diversas fazendas em todo o país têm implementado o sistema com sucesso, observando não apenas um aumento na produtividade, mas também uma significativa melhoria na sustentabilidade ambiental e econômica de suas operações.

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