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  • Foto do escritorPamella de Andrade Ferreira

Aguçando os sentidos: os sons, aromas e sabores nos jardins.

Atualizado: 10 de out. de 2022



O paisagismo é essa arte-ciência que transforma o ambiente, tornando-o um espaço convidativo para a contemplação, o encontro e as diferentes formas de interação.


Ao passear pela história do paisagismo, nos deparamos com as diversas influências, conceitos, simbolismos e transformações que os espaços ajardinados tiveram ao longo do tempo e nas diferentes culturas. Segundo Bellé ¹, “o conceito de jardim evolui de acordo com a relação do homem com a natureza, refletindo a condição social, o sentido estético e os costumes de cada época.”


De estilos mais geométricos e formais à orgânicos e descontraídos, de propostas orientadas por aspectos simbólicos e religiosos às direcionadas por funções socioambientais, do protagonismo da Natureza à premissa de dominação pelo homem (…) o paisagismo atual caminha em uma vertente funcional, de forma a servir à coletividade, estimulando as relações sociais e buscando atender as demandas ambientais de nosso tempo.


Recentemente, aqui no Blog da Hortelar, falamos sobre como a Natureza e espaços culturais com áreas verdes, como os jardins, praças, hortas comunitárias, bosques (...) podem proporcionar serviços ecossistêmicos importantes e experiências humanas capazes de estimular os cinco sentidos.


Nesta perspectiva, o uso de elementos que evocam sons, aromas e sabores são de grande importância para que os espaços verdes sirvam de instrumento para estimular e aguçar a audição, olfato e paladar dos usuários do local.


Abbud ² relata que tudo é som nos jardins: o movimento das águas, o balançar das árvores pela força do vento, o som emitido pelos passos ao caminhar em pedriscos e folhas secas, o chilrear e canto dos pássaros, além de inúmeros sons emitidos por outros animais e pessoas que circulam e interagem ali. Nesse sentido, ao projetar essas áreas, é de grande importância pensar na inserção de plantas que atraiam e sirvam de abrigo a fauna local, além de elementos materiais que possam proporcionar o aguço da audição, como fontes, cascatas e sinos de vento.


Assim como os sons, os aromas são importantes provocadores de sensações.

As plantas aromáticas são aquelas que apresentam alta concentração de óleos essenciais em sua composição química. Essas moléculas ao serem liberadas no ar e inaladas, entram pelas vias respiratórias e chegam até o cérebro, estimulando o sistema límbico, que é conectado à memória e às emoções. No paisagismo, os árabes foram os primeiros a introduzirem os jardins da sensibilidade, explorando elementos como água, cores e, principalmente, perfumes, através do uso de plantas como jasmins, cravos, jacintos, alfazemas e rosas.


Muitas das plantas aromáticas são medicinais e alimentícias, e podem contribuir para o estímulo do paladar, este sentido tão pouco explorado se comparado a diversidade de espécies alimentícias que existe, mas que não costumamos consumir ou sequer conhecemos.


Nesse campo, a utilização das tão faladas PANCS (Plantas Alimentícias Não-Convencionais) se faz preciosa na composição dos espaços verdes, como forma de familiarizar e expandir o conhecimento botânico, popularizar espécies não-convencionais e possibilitar novas experiências gustativas.



¹ Bellé, Soeni. Apostila de Paisagismo. IFRS - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul. 2013.
Disponível em: <https://www.bibliotecaagptea.org.br/agricultura/paisagismo/livros/APOSTILA%20DE%20PAISAGISMO%20IFRS.pdf>

² Abbud, Benedito. Criando Paisagens: Guia de Trabalho em Arquitetura Paisagística. 4ª ed. São Paulo – SP: Editora Senac São Paulo-SP, 2010.

Costa, Douglas Rodrigo. Paisagismo sensorial: o uso dos sentidos em proposta de paisagismo. Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Dois Vizinhos - PR. 2019. Disponível em: <http://repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/11043/2/DV_COBIO_2019_1_05.pdf>

Dragonetti, Marley. A função do sistema límbico na regulação da memória olfativa. 2017. Disponível em: <https://www.conic-semesp.org.br/anais/files/2017/trabalho-1000025472.pdf>



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