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  • Foto do escritorPamella de Andrade Ferreira

Aguçando os sentidos: as formas, cores e texturas nos jardins

Atualizado: 10 de out. de 2022



Quanto das nossas percepções sensoriais são afetadas pelo excesso de estímulo mental e pelo automatismo tão corriqueiro nos dias atuais?


A Natureza e espaços culturais com áreas verdes, como os jardins, praças, hortas comunitárias, bosques (...) podem proporcionar experiências capazes de estimular os cinco sentidos: a visão, o olfato, a audição, o tato e o paladar, através da exposição, interação e permanência do usuário no local.


Segundo Abbud¹, o paisagismo, atualmente, é o único movimento artístico em que podemos fazer o uso de todos os sentidos.

Pela combinação dos componentes físicos, bióticos e antrópicos que formam a paisagem, e que são constituídos por elementos diversos com formas, cores, texturas, sons e aromas distintos e particulares, é possível criar ambientes multifuncionais e multissensoriais, capazes de despertar múltiplas sensações e afetividades naqueles que observam e interagem com o meio.


Para a construção de um projeto paisagístico que visa o estímulo sensorial é comum a utilização de diversas espécies vegetais e de outros elementos de composição com o intuito de atender cada um dos sentidos:


a visão pela fusão de movimentos, cores e beleza da paisagem; a audição pelos sons transmitidos pela água, ventos nas copas das árvores e cantos de pássaros; o tato através de inúmeras texturas e formas das plantas; o olfato pelas plantas que exalam aromas; o paladar, pela degustação de plantas alimentícias, condimentares e medicinais. ²


Nesse sentido, as formas, cores e texturas são de grande importância para estimular de maneiras distintas a visão e o tato.


As formas geométricas e orgânicas atraem e direcionam o olhar pelo espaço, além de provocar a sensação de movimento. Enquanto a combinação de diferentes texturas dos elementos vegetais e materiais estimula principalmente a percepção tátil, possibilitando o jardim servir de instrumento para aguçar a sensibilidade do toque e até como um espaço de aprendizagem e de inclusão social de pessoas portadoras de diferentes condições.


Já as cores, que são elementos comunicantes e podem ser divididas em duas categorias principais, sendo elas as cores quentes e frias, interferem na percepção visual transmitindo diferentes sensações e sentimentos aos usuários do espaço. Essas sensações podem se manifestar como atração ou repulsão, agressividade ou passividade, agitação ou calma (...), dependendo da predisposição psicológica do observador.


As cores quentes como o amarelo, laranja e vermelho associadas com o sol e o fogo tendem a gerar sensação de calor e transmitir alegria, ação e proximidade, por isto devem ser usadas preferencialmente em locais amplos. Enquanto as cores frias como o azul, violeta e suas variações, transmitem sensação de repouso, serenidade, calma e afastamento, sendo recomendadas principalmente em áreas de descanso ou lazer passivo, de contemplação e em pequenos espaços onde haja o intuito de dar a sensação de amplitude.


Dessa forma, ambientes multifuncionais e multissensoriais podem ser um convite para estimular e aguçar as percepções, contemplar e interagir com a paisagem e resgatar a atenção plena para as sutilezas do cotidiano.



¹ Abbud, Benedito. Criando Paisagens: Guia de Trabalho em Arquitetura Paisagística. 4ª ed. São Paulo – SP: Editora Senac São Paulo-SP, 2010.

² Costa, Douglas Rodrigo. Paisagismo sensorial: o uso dos sentidos em proposta de paisagismo. Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Dois Vizinhos - PR. 2019. Disponível em: <http://repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/11043/2/DV_COBIO_2019_1_05.pdf>

Bellé, Soeni. Apostila de Paisagismo. IFRS - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul. 2013.
Disponível em: <https://www.bibliotecaagptea.org.br/agricultura/paisagismo/livros/APOSTILA%20DE%20PAISAGISMO%20IFRS.pdf>


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